Ô Psit! Morto há 20 anos, trapalhão Zacarias terá memorial em Sete Lagoas
“Os Trapalhões” era o que o Brasil via na tela da Globo nas noites de domingo, nas décadas de 1970 e 1980, com Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Eles dominavam também o cinema nos períodos de férias. Longe das câmeras, a trupe brigava muito principalmente por causa de dinheiro (seus salários eram diferentes). O programa conseguiu sobreviver até 1995, mas o começo do seu fim se esboçou em 1990, com a morte de Zacarias, de infecção pulmonar, aos 56 anos, no Rio.
Acervo sobre Zacarias está em uma sala no Casarão, centro cultural de Sete Lagoas (MG), que vai criar memorial. (Foto: Folha Press)
Vinte anos depois, Sete Lagoas (cidade mineira a 180 km de Itabira), terra natal de Mauro Faccio Gonçalves (nome de batismo do trapalhão meio infantil e alvo de brincadeiras pelo jeito efeminado), decidiu lembrar seu filho ilustre com um projeto de memorial, que vai reunir peças do figurino usadas em filmes, documentos como certidões de nascimento e de óbito, vídeos e até objetos pessoais como as perucas que o personagem usava.
“No próximo dia 9 de dezembro, a galeria Myralda, na Casa da Cultura, vai abrir uma exposição com acervo de Zacarias”, diz Fredy Antoniozzi, secretário de cultura do município, à Livraria da Folha, durante a Literata, primeira festa literária da cidade.
Antes de ficar careca, ator de radionovela Mauro Faccio Gonçalves, nome de batismo do Zacarias, era visto como galã. (Foto: Repropução)
Atualmente, o centro cultural Casarão abriga, em uma salinha, o material da vida e carreira de Zacarias.
Antoniozzi afirma que, em 2011, o acervo deverá fazer parte de um memorial para o trapalhão, integrado a atividades de arte cênicas, como um festival de teatro.
“Ele era um multiartista. Desenhava, pintava, escrevia para o teatro. Era um agitador cultural da cidade, antes de ir estudar arquitetura em Belo Horizonte e ficar famoso na Globo”, conta o secretário.
Anos 80
No almanaque dos anos 80 “Mofolândia”, o leitor pode saber mais sobre a trupe que chegou a protagonizar mais de 40 filmes, entre eles recordistas de bilheteria do cinema nacional, como “Os Trapalhões nas Minas do Rei Salomão” (1977), “Os Trapalhões na Guerra dos Planetas” (1978), “Os Saltibancos Trapalhões” (1981), “Os Trapalhões na Serra Pelada” (1882), “Os Vagabundos Trapalhões” (1982)”, “O Casamento dos Trapalhões” (1988).
Figurino usado em filmes e perucas (no armário, à direita) vão compor memorial ao humorista, que era agitador cultural. (Foto: Divulgação)
O livro conta que Zacarias entrou para o quarteto em 1977, descoberto por Renato Aragão, o Didi. Antes disso, em 1971, Didi, Dedé e Mussum (que morreu em 1994 numa cirurgia de transplante de coração) estrelavam “Os Insociáveis” na TV Record. Depois, mudaram para a TV Tupi com o nome de “Os Trapalhões”.
Além de descrever os personagens do programa, “Mofolândia” também pinça curiosidades da carreira do grupo. Sob o título “mancadas politicamente incorretas”, o almanaque lembra um tempo em que os humoristas não sofriam tanto policiamento em suas piadas.
Papai, eu quero me casar _(Zacarias)
Em “Os Trapalhões na Guerra dos Planetas”, um dos monstros aparecia sentado em uma pedra para fumar o maior cigarrão, num filme para crianças. Em “Os Vagabundos Trapalhões”, Mussum vê um homem negro vestido de branco e pergunta se ele caiu em um copo de leite.
Ô da poltrona? (Didi)
A importância do grupo para a história do cinema brasileiro e para gerações de brasileiros que riam desses palhaços de cara limpa é analisada no livro “Ô Psit! o Cinema Popular dos Trapalhões”. Já “Os Adoráveis Trapalhões” traz tudo sobre a formação do grupo, os bastidores e o fim da trupe. (Com agências)