Garçom Trapalhão
Quem conhece o arquiteto Mauro Faccio Gonçalves, um baixinho de 1m63cm, 67 quilos, careca e gozador? Está difícil? É o Zacarias, um dos quatro Trapalhões. Um dia Renato Aragão e o roteirista Emanuel Rodrigues viram Mauro na pele de um engraçado garçom, num programa humorístico da TV-Rio. E o convidaram para trabalhar. Hoje, Zacarias é o ídolo da garotada e dos marmanjos que choram de rir com as trapalhadas do grupo aos domingos na TV Globo. A pergunta que seus admiradores mais fazem é se ele usa algum produto para fazer crescer o cabelo. Zacarias responde:
- Já usei de tudo, só não tentei umas fórmulas doidas que me deram.
-Que fórmulas são essas?
-A pior é a simpatia das moscas, que é pegar 10 moscas, frita-las em azeite, coar e passar a gosma na cabeça.
Você usa peruca fora da Televisão também?
-Não.
De onde você tirou o nome de Zacarias?
-Foi idéia do Renato e do Emanuel Rodrigues. Eles me deram o nome de um galo que conheciam. Chiei um bocado, mas não adiantou espernear, o nome colou mesmo.
-Como é seu relacionamento com os fãs? Eles te incomodam muito?
-Já me acostumei. O pior é que todo mundo acha que a gente é a mesma coisa tanto no trabalho como em casa ou na rua.
- Você já fez regime para emagrecer?
-Já. Como eu me achava uma xícara, baixinho e largo, regimei e perdi quase 20 quilos. Fiquei super feliz, mas veio a minha mãe e me disse que eu estava parecendo uma perereca. Ai toquei a engordar novamente.
-Esse seu jeito de falar é de mineiro.
-Sou de Sete Lagoas, muito desconfiado e ando igual cabrito, que pisa no chão devagar. Aliás, meu signo é Capricórnio, tem tudo a ver.
-Dos quatro Trapalhões, quem é o mais engraçado?
-O Mussum, sem duvida.
-Parece que o Mussum é meio chegado a uma pinga, confere?
-O negão gosta sim, mas sabe beber e conhece tudo de bebida. É um expert.
-E você?
-Como diz o outro, só bebo socialmente. Dois copos de cerveja e fico todo mole.
-Qual o seu maior sonho?
-Montar um grande musical humorístico com os colegas. Na verdade, já estamos com um quase parecido e que mostraremos nas capitais e grandes cidades do país a partir de julho, começando por Manaus.
-E sua maior tristeza?
-Ver um país tão rico e belo como o nosso do jeito que está: falta educação para o povo, preservação das matas e dos animais e sobra incompreensão nos governantes.
Você acha que “Os Trapalhões” fariam um bom governo?
-Sem duvida. Se não houvesse interferência de ninguém, a gente dava um jeito nessa bagunça.
(Jornal o Globo – Sábado 30 de maio de 1987)