Mauro “Zacarias foi o meu melhor personagem”

11-02-2011 22:21

 

(Mesmo não tendo mais que gravar com a peruca e a mascara nos dentes que caracteriza o estrábico Zacarias de Os Trapalhões, Mauro Gonçalves ainda não conseguiu liberta-se das caretas de seu personagem.)

 

Embora Os Trapalhões fosse o programa de maior audiência da TV Tupi, Renato Aragão e seus parceiros rescindiram seu contrato com a emissora. O programa acabou, eles vão ficar seis meses fora da TV, mas isso não vai paralisar as atividades do grupo: agora mesmo eles vão excursionar por todo Brasil, com uma série de shows, e alem disso estão fazendo filmes e preparando uma peça teatral. Quem conta é Mauro Gonçalves, que, apesar de um pouco triste com o fim do Zacarias dos Trapalhões – “foi o tipo mais importante que criei em minha carreira” – acha que “o importante é continuar a fazer o publico rir, não importa como”.

O grupo deverá continuar com o mesmo esquema de humorístico de Os Trapalhões, que alguns críticos chamavam de comédia pastelão, humor grotesco; mas que para Mauro Gonçalves é o que mais funciona. “O publico – diz ele – gosta mesmo é de coisa direta e não humorismo britânico feito pela Globo e que o brasileiro não aceita.”

Mauro Gonçalves é mineiro, de Sete Lagoas, e foi lá que, ainda criança, vestindo roupas dos pais e cobrando como entrada palitinhos de fósforo, revelou-se o comerciante que mais tarde foi para Belo Horizonte estudar arquitetura, um curso que não chegou a concluir porque, em 1959, ao participar do programa Tribunal de Calouros, junto com Paulo Gracindo, Mário Lago e Mario Tupinambá, foi considerado o melhor do rádio e resolveu ficar definitivamente no Rio, como artista, contratado pela Excelsior.

Mauro ficou na Excelsior até 1968. Dali foi para a TV Record, onde trabalhou ao lado de Manuel da Nóbrega, criou seu primeiro tipo, o Moranguinho. Depois foi para a Tupi fazer o garçom desajeitado de Café sem Concerto, e desde 1973 vinha atuando em Os Trapalhões, cujo sucesso o levou a estrear um filme, Deu a louca nas Mulheres, que em breve estará em cartaz. (Revista Amiga n° 333 - Reportagem de Ana Cristina – Fotos de João Silva)