O Teatro

Desde pequeno, Mauro Faccio Gonçalves exercitava seu lado artístico, com teatrinho de quintal, usando materiais de sua casa e roupas da família, para representar em suas brincadeiras, sendo que, na escola, já despontava com suas apresentações. A partir de 1953, participou do Grêmio Artístico Santo Antonio, dirigido por Odete Coelho, para angariar fundos para a construção do Bispado. Também nesta mesma época, participou do Grêmio teatral “Flor de Lys”, na Paróquia de Sant’Anna , com direção de Virginia Melo, Maria Auxiliadora Simões (D. Dóia) e trabalhavam em beneficio da Sociedade São Vicente de Paula.

 

No Grêmio Artístico Santo Antonio, com Odete Coelho em companhia de diversos amigos, como: Maria da Conceição Pereira, Jovenino Dorotéia, Antonio Afonso de Souza, Terezinha Pontes Lanza, Leila Andrade de Pereira, Marister Ribeiro, Ulisses Pontelo, Geraldo de Souza, Fernando dos Santos e Ildefonso Abreu, encontraram no teatro a única forma de angariar fundos para a construção do bispado de Sete lagoas, com diversas peças como: “Lagrimas de Mães”, “Nhô Manduca”, “A filha do Marinheiro”, entre outras, com grande sucesso em Sete Lagoas e na região. Mauro escrevia e preparava a montagem do palco e segundo Odete Coelho, ele era “Pau pra toda obra” e como ator, encantava a todos em suas apresentações.

Em 17 de outubro, o Grêmio Artístico fez uma apresentação em Caetanópolis, com a peça “Lagrimas de Mãe”, um drama em três atos e um quadro. Mauro fez o papel de Pedro, filho de criação de um casal: Antonio e Brígida; levava a vida bebendo e roubando. Sua interpretação foi um grande sucesso para a peça, juntamente com os artistas: Elpis, Heitor, Manuelita, Iris e Nair Maria.

Em 1955 na Capela de São Geraldo, Mauro subiu sozinho na carroceria de um caminhão. Avisado pelo Padre de que não poderia falar palavrão, pois o povo estava presente e era dia de festa. Ele contou e representou em uma comédia, criada por ele mesmo, intitulada: “O Velho do Papo”. Vestia roupas velhas e, com os dentes pintados, ficou mais de quarenta minutos envolvendo a todos com sua comédia. Naquela tarde ameaçava muita chuva, mas ninguém arredou o pé, até que ele terminasse, entre aplausos, vivas e pedidos de “Bis’!

Por volta de 1956, no Grêmio Teatral “Flor de Lys”, apresentou também diversas peças como: “Os presentes de Candinha”, “Morre um gato na China” e “Não te conto nada”, entre outras.

Em 1963, convidado por Manuel da Nóbrega, foi para a TV Excelsior, no Rio de Janeiro, onde passou a residir e dali viajava para São Paulo a fim de participar também do programa “A Praça da Alegria”, na Rede Record. (“Hoje o programa é conhecido como a Praça é Nossa, sob o comando do filho de Manoel, Carlos Alberto de Nobrega”, no SBT.)

Em 1965, foi trabalhar na TV Tupi, participou de diversas dublagens de filmes estrangeiros, produzindo vozes de todos os tipos, imitações de personagens de desenho animados. Produzindo arranjos e complementando peças teatrais.

Em 1970, ainda na TV Tupi, participou e atuou na peça:”A Dama do Camarote” que ficou um ano em cartaz , nos Teatros Maison de France e Fonte da Saudade.

 Seu papel era secundário, mas devido á interpretação que deu ao texto, Mauro tornou-se a peça chave do espetáculo, que fez sucesso em todo Brasil, quando ganhou seu primeiro prêmio: “Ator Revelação”.

“Em 1972, o espetáculo volta com força total e sobre a direção do grande ‘Mauro Gonçalves”, que também atuou, sendo aplaudido diversas vezes em cena.

O tamanho sucesso do espetáculo ganhou as paginas dos jornais e revistas da época, sempre dando mais ênfase ao ator “Mauro Gonçalves”, como você confere na reportagem abaixo, publicada em 19/07/1972, pela “Revista Veja” . (Estão grifadas as referências sobre Mauro Gonçalves)

 

Para Todo o país

(Revista Veja 202 - 19/07/1972 )

 

Embora desta vez seja o pentágono a figura mais apropriada para simbolizar essa comédia de mal-entendidos – os personagens; um casal, o amigo, candidato a amante, uma tia velha e um secretário pederasta -, a originalidade de situações é apenas de ordem geométrica. Apesar disso, A DAMA DO CAMAROTE (Teatro Nacional de Comédia, Rio), pouco mais que uma cópia sem inspiração da melhores peças de Feydeau e Labiche, transformou-se num dos grandes sucessos de bilheteria do teatro brasileiro nos últimos tempos e volta a ser montada no Rio, onde tentará repetir o feito de 1970, quando ficou um ano em cartaz nos teatros Maison de France e Fonte da Saudade.

A carreira deste fenômeno começou no entanto, humildemente, há vinte anos, quando estreou num clube carioca. Era uma peça qualquer, escrita e interpretada por integrantes de um elenco radiofônico famoso na época: Henriqueta Brieba, Castro Viana, Isis de Oliveira, Milton Rangel e Altivo Diniz. Apesar do perigo dos nomes, a peça só conseguiu ser apresentada em clubes e teatros de Campo Grande e Marechal Hermes. E parecia destinado a morte anônima.

Expansão – Em 1970, porém, Renato Pedrosa e Amir Haddad resolveram ressuscitá-la no estilo que já transformara duas outras peças “impossiveis” (“Onde Canta o Sabiá”, de Gastão Tojeiro, e “Patinho Feio”, de Coelho Neto) em sucesso de publico. Enquanto Renato incumbiu-se de colocar música e ambientar a peça no começo do século (originalmente passava-se no mesmo ano em que foi escrita, 1952), Amir, na direção, decidiu metamorfosear a pretensiosa comédia de costumes em farsa total, caindo literalmente na crítica cínica dos mesmos costumes.

A remontagem atual segue rigorosamente as marcações de Amir, ainda que tenha sido substituído na direção pelo ator MAURO GONÇALVES. Continua presente o humor grosseiro, a musica sublinhando o ridiculo das situações – um tango no momento mais tragico, ou “Errei sim”, com Dalva de Oliveira, quando tia velha conta seus amores.

Dentro dessa formula, mesmo os atores que não participam da segunda montagem, como Henriqueta Brieba (a tia), Eni Ribeiro (a mulher) e Ribeiro Fortes (o marido), estão inteiramente livres para compor com traços bem fortes seus convencionais personagens.

Nos que sobraram da montagem anterior, Otacílio Couinho sai-se bem como amante em potencial, mas a grande vedete do espetáculo é MAURO GONÇALVES.

Para compensar as poucas chances que tem tido em humorísticos na televisão, ele consegue fazer de seu personagem efeminado uma excelente caricatura.

É aplaudido em cena aberta várias vezes e nessas palmas a produção do espetáculo parece ter pressentido que o gosto do público, desde os tempos suburbanos de Marechal Hermes e Campo Grande, está mais sensível do que nunca aos encantos da “Dama”: conquistado o centro do Rio, o espetáculo viaja brevemente para tentar seduzir as principais capitais do pais.

 

A partir de 1972, depois de viajar por todo o país com a peça, voltou a se fixar no Rio de Janeiro e a atuar na TV tupi,onde  Mauro criou o personagem “Moranguinho”, inspirado num tipo folclórico de sete lagoas, que fazia a festa da garotada da cidade, no programa “Café sem concerto” da TV Tupi. (“O Moranguinho” que depois ficou conhecido como Zacarias).

Mauro pretendia voltar aos palcos no ano de 1990, em um musical, conforme confessa em uma matéria de jonal:

Sonho:“Fazer um musical, porque tive uma vida muito boa no teatro, onde fui premiado”.

 

 

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O Rádio

Após ótimas experiências no teatro, Mauro ingressou na radio Cultura em 1954, e participou do programa “Em Barbosal era assim”, Wilson Tanure e Mara Lopes.

Este programa tinha o patrocínio de diversos estabelecimentos comerciais da cidade, entre outros o “Café Cordial”, e no espaço do programa, a sessão “Cresça e Apareça’, onde se apresentavam e eram descobertos novos talentos de músicos e cantores. O patrocínio do Café cordial se limitava a dizer:

“Cantou bem, cantou mal, Café Cordial.

Cantou mal, cantou bem, Cordial também!”

No dia 03 de abril de 1957, com 23 anos de idade, foi estudar arquitetura em Belo Horizonte, poucos meses depois, deixou os estudos para trabalhar em programas humorísticos na “Radio Inconfidência” e, nesta mesma época, trabalhou no Banco Comércio e Indústrias. Na Radio inconfidência, manteve-se como melhor do rádio de 1958 a 1963. Durante seu período em radio, foi convidado para trabalhar na TV Itacolomi, também em Belo horizonte. Com menos de um ano de TV, o Ator/Humorista se destacou de maneira brilhante no vídeo belorizontino, onde teve a oportunidade de demonstrar sua capacidade de interpretação, ao lado de artistas já famosos e conceituados que vinham do rio, para participar de programas na Tv Itacolomi, como: Paulo Gracindo, Mario Lago e Mario Tupinambá, ganhando ainda mais a simpatia do publico.

Em 1965, foi trabalhar na TV Tupi, participou de diversas dublagens de filmes estrangeiros, produzindo vozes de todos os tipos, imitações de personagens de desenho animados. Produzindo arranjos e complementando peças teatrais.

Já nos anos 80, nacionalmente conhecido como “Zacarias”, Mauro participava aos domingos em Sete Lagoas, participava do programa “O fantástico mundo das criança” na radio Cultura de Geraldo Padrão. Este programa é mantido até hoje na Radio, sendo o único dedicado as crianças, com 3 horas de duração todos os domingos, no auditório “Wilson Tanure, com o diretor Geraldo Padrão no papel de Tio Bento, sua esposa Deusânia como Tia Joana e o palhaço Pimentinha, com brincadeiras e brindes para toda criançada.