Exclusivo! Dudu relembra os bons momentos com Zacarias e "Os Trapalhões".

03-05-2011 08:28

 

Todos se julgam fãs numero 01 do eterno quarteto “Os Trapalhões”. Mas titulo real pertence ao cineasta, jornalista, empresário, produtor e humoristas Carlos Dias, simplesmente conhecido como Dudu, apelido ganho na infância pelos próprios ídolos “Trapalhões”. Dudu de fã, se tornou amigo intimo dos Trapalhões, chegando a produzir shows para o grupo em todo território Brasileiro , e dando seqüência ao sonho de Zacarias por mais de 10 anos no espetáculo “O mundo mágico do Zacarias”, projeto real do trapalhão Mauro Gonçalves, com quem teve mais convivência durante anos. Em uma entrevista exclusiva, Dudu conta curiosidades, e fala da saudade que tem dos amigos Zacarias, Mussum e Beto Carrero.

Como foi a primeira vez em que viu “Os Trapalhões”? Conte-nos como iniciou sua paixão pelo trabalho do grupo?

(Dudu) Eu conheci os trapalhões ao vivo (os 4) na inauguração do Carrefour dom Pedro em campinas, em um show ao ar livre.

Como foi a sua reação, como fã e telespectador, com a entrada de um novo membro (Zacarias) em um programa que já era consagrado?

(Dudu) Sabia que o grupo precisava de algo mais e nosso eterno e pai trapalhão veio para somar, num futuro humorístico nostálgico.

E em modo geral, como foi a aceitação do publico e mídia para o personagem Zacarias no inicio?

(Dudu) Ele passou a ser a própria criança dentro do grupo. Era comum nos shows as crianças se identificarem mais com ele, até nas fotos e autógrafos.

Em qual ano você veio a conhecer o quarteto? Poderia relatar o momento?

(Dudu) Em 1979, em Campinas/SP, como havia dito no show inaugurando o Carrrefour.

Como e quando você descobriu que conseguia imitar perfeitamente o personagem Zacarias?

(Dudu) Quando ganhei dele duas perucas. Comecei brincando no espelho e escutando sua voz. Daí foi um passo, para até participar ao lado dele como convidado.

Qual foi a reação de Mauro Gonçalves (Zacarias) e dos outros integrantes dos Trapalhões, ao verem sua perfeita imitação e trejeitos do personagem Zacarias?

(Dudu) Mussum ria sem parar, Zacarias se emocionou, chegamos a gravar diversos comerciais juntos como pai e filho. Vídeo este que se encontra no Youtube.

(Acesse o video no link abaixo)

www.youtube.com/watch?v=Y9FsmU8cNd4

Você chegou a ganhar a autorização oficial dos próprios Trapalhões para execução da musica tema do programa e qualquer uso da marca ou o que envolve o nome do grupo, além de oficializarem a você para exercer imitações do personagem Zacarias. Como surgiu esta idéia e qual foi sua reação com este presente?

(Dudu) Pedi ao Renato que sempre foi o líder esta autorização e todos assinaram. Pois eu criei OS TRAPINHAS e tinha a pretensão de usar a musica e a imagem do pai Zacarias. Perdurando a imagem deles ao meu espetáculo.

Assistindo a vídeos de seu arquivo pessoal e aos especiais de 15 e 20 anos dos Trapalhões, se percebe que o quarteto tem tinha um grande carinho com você, entre uma cena e outra, sempre tinha um abraço, uma brincadeira com a sua pessoa, alem de mencionarem sempre seu nome. Como era a sua convivência com os integrantes fora das câmeras?

(Dudu) Confesso que, fora das câmeras eles sempre foram empresários, diferente do que vimos na TV. Foi ai que a convite de Elcio Spanier Oliveira (empresário do grupo), comecei a apresentar Os Trapalhões pelo país e notei que, eu ficava diante não de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias e sim de Homens comuns que se transformavam no palco de palhaços de cara limpa.  

E dentre os quatros Trapalhões, qual era o mais chegado a você?

(Dudu) É lógico meu pai eterno trapalhão Zacarias. Eu quem dirigia para ele e grande parte do tempo estávamos juntos.

 Como surgiu o grupo “Os Trapinhas”?

(Dudu) Na década de 80, Os Trapinhas é uma homenagem e continuidade do humor de Os Trapalhões, onde conheci Elza Vanci que já contracenava com Mussum e Dedé em espetáculos pelo país.

Revendo alguns shows dos Trapinhas, se percebe que havia uma grande equipe, inclusive, até um ônibus próprio para turnê do grupo. Conte-nos um pouco desta fase!

(Dudu) Tínhamos que nos organizar, pois Os Trapinhas abriam shows dos Trapalhões pelo Brasil. Então roupas, elenco, translado, equipe técnica, tinha que ser o melhor que possuíamos na região de Campinas/SP.

E referente a formação do grupo, além de você e da atriz Elza Vanci (esposa do Dudu), qual foi a melhor formação que compunha “Os Trapinhas”?

(Dudu) O próprio grupo Os Trapalhões que viajam juntos conosco.

Em dezembro de 1989, você presenciou o ultimo show dos trapalhões Dedé, Mussum e Zacarias para aquele ano. Já na despedida, onde os integrantes entram em seu ônibus particular, Zacarias te dá um abraço e diz: -“Este ano será o teu ano”. Como você define esta frase?

(Dudu) É coisa de Deus. Estávamos realizando um show de Natal na base aérea em Guarulhos/SP. Foi quando ele me chamou e me disse isto. Está até gravado. Você inclusive possui isto.  

No ano seguinte (1990), você deu seqüência a uma série de shows com o titulo “O mundo mágico do Zacarias”, que durou mais de 8 anos. É verdade que este show foi um seguimento ao projeto do espetáculo que Mauro Gonçalves (Zacarias) planejava para aquele ano?

(Dudu) Prometi a ele que faria isto. Cheguei a transformá-lo em tema de escola de samba em Campinas/SP com o titulo Mineiro Bom. Na época Murilo (irmão de papai) e vó Virginia vieram a Campinas/SP para juntos descerem comigo em carro alegórico.

E como era o espetáculo?

(Dudu) Contava toda sua vida, com narração de um locutor da Rede Globo, além de levar a magia de suas musicas e piadas, além de personagens que eram sua paixão. Onde eu homenageava o circo que ele também amava.

Qual era a reação do publico ao te ver caracterizado como Zacarias, sendo que o ator veio a falecer naquele mesmo ano?

(Dudu) O pessoal da terceira idade, chegava a se emocionar. Era comum eu fornecer muitos autógrafos para o publico que vinha a delírio.

Conte-nos um pouco de sua convivência com o ator Mauro Gonçalves.

(Dudu) Sempre foi uma amizade de ídolo e fã, pai e filho, adorava escutar seus conselhos. Eu procurava fazer todas suas vontades, como por exemplo, comprar melancia e tangerina para ele. Ele adorava estas frutas. Além de comer seu prato preferido: Frango com quiabo e angu (polenta mole).

Ouve alguma história engraçada envolvendo o ator, ao qual você veio a presenciar?

(Dudu) Ele adorava me assustar, com suas risadas além de transformar os filmes que assistíamos com vozes japonesas. Ele adorava fingir ser dublador.

Qual foi o momento mais marcante do Mauro em sua vida?

(Dudu) Quando ele começou a me chamar de filho.

Quando Mauro ficou debilitado devido ao regime, você chegou a vista-lo ou conversar com o mesmo via telefone?

(Dudu) Depois do ultimo show na base aérea em Guarulhos/SP , nos falávamos por telefone, mas ele nunca deixou transparecer que estava com problema. Sempre feliz ele passava para mim.

Como ele estava? Quais eram as expectativas do ator?

(Dudu) Seu sonho era montar uma creche e um consultório dentário em Jacarepaguá no Rio onde ele morava, mas, não conseguiu realizar este sonho. Mesmo na época aparentemente estando bem.

Ouve um boato de que Zacarias, para o ano de 1990, iria seguir carreira solo, se desligando do grupo “Os Trapalhões”. Em sua opinião, você acredita que haveria possibilidade disto acontecer?

(Dudu) Ele lançou um disco mas, seu desejo era parar definitivamente e não seguir carreira solo.

Peço-lhe perdão pela próxima pergunta. Como você recebeu a notificação do falecimento de Mauro Gonçalves? Poderia se possível, relatar como foi sua reação?

(Dudu) Estava em meu apartamento, esperando a hora do almoço com a TV ligada. Foi ai que entrou o plantão da Globo anunciando o ocorrido, em seguida meu telefone não parava de tocar. Muitos jornalistas, amigos e fãs me ligando. O céu para mim tinha caído naquele momento. Demorei a acreditar, mas era verdade. Na época eu tinha um carro 0k mas movido a álcool que não podia pegar estrada pois o Collor tinha tirado do mercado o pró álcool, amigos me ofereceram carros emprestado e segui rumo ao meu ultimo encontro com ele em Sete Lagoas/MG. Foi triste. Muito triste. As rádios no carro, não paravam de anunciar seu falecimento.

Em matéria publicada por um jornal desta época, você mencionava o desejo de que o programa “Os Trapalhões” não dessem seqüência em homenagem a memória de Zacarias. Você acredita que se o trio (Renato, Dedé e Mussum) tivesse seguido este conselho, a imagem de Zacarias estaria mais viva pelo fato do publico não acompanhar novos programas sem o personagem de Mauro?

(Dudu) Sem dúvida nenhuma. Eu te faço uma pergunta, ou melhor, duas: Você comeria um cachorro quente sem salsicha? Ou você sentaria numa cadeira sem uma das quatro pernas? O que falou mais alto aí foi puro interesse financeiro pelo líder, não preservando a imagem de um homem menino que ajudou a conquistar a América do sul. O país já não tem memória e quando fazemos algo pelo dinheiro, vendendo a alma não olhando para o passado, é lamentável, pois se o grupo tivesse parado definitivamente, a história seria escrita para perdurar nas gerações futuras.

Em programas sem a presença de Zacarias, notava-se de que Mussum já não esbanjava tanta alegria como quando com o quarteto completo. Como você que conviveu com o grupo, analisa cada personagem ou o programa em si, sem o Mauro?

(Dudu) Mussum era muito amigo do pai Zacarias, lembro-me quando uma semana depois de sua partida, Dedé e Mussum resolveram fazer um show em Jundiaí?sp. deixei um microfone simbolizando nosso Zacarias. Ele não agüentou saiu de cena chorando e foi aplaudido de pé. Mussum era assim: Humano e solidário.

Como era sua convivência com Mussum?

(Dudu) Outro pai que perdi e tive vários bons momentos com ele. Sempre conseguia comerciais aqui em Campinas/SP para ele gravar. Ele adorava contracenar com Elza Vanci. Chamava a Elza de Bruxinha carinhosamente.

Assim como a pergunta sobre sua convivência com o Mauro (Zacarias), qual foi o momento mais engraçado e marcante com o Mussum?

(Dudu) Quando eu esquecia de colocar em seu camarim uma garrafa de bebida. Ele dizia que eu estava deixando a desejar como assessor, e ria. Puxando minha orelha.

Fugindo um pouco do quarteto clássico, quem eram Dino Santana, Tião Macalé e Roberto Guilherme? Conte-nos os bons momentos que você viveu com estes 5°, 6° e 7° trapalhões.

(Dudu) Dino era um grande escada, digno de muitas oportunidades que não chegaram a dar a ele. Roberto Guilherme, outro grande escada, sem comentários. E Tião Macalé, outra criança como Zacarias, dentro do grupo Os Trapalhões.

No especial “Globo Repórter” em homenagem aos Trapalhões , exibido em dezembro de 1988, um trecho é dedicado a você como fã numero 01. Ao seu redor é apresentado um enorme acervo sobre o grupo desde os tempos de “Adoráveis Trapalhões” até os tempos atuais. Você ainda possui esta coleção?

(Dudu) A coleção fica guardada com carinho, é uma fase de minha infância que jamais vou esquecer. Tenho tudo, inclusive objetos pessoas do Mussum, Dedé e Zacarias.

Nesta mesma reportagem, você menciona o desejo de montar um museu em homenagem aos Trapalhões. Este projeto ainda esta em seus planos futuros?

(Dudu) Não. Confesso que se o Renato Aragão quisesse ai sim eu faria com maior prazer, mas, ele apagou da memória esta possibilidade. Não sei por quê?

Com o fim dos Trapalhões, você foi o que mais ajudou o trapalhão Dedé Santana durante quase 10 anos, provendo eventos, lançamentos de discos, óculos, vhs contendo o testemunho de conversão do humorista e uma união em seus filmes com Os Trapinhas. Como foi esta fase em sua vida?

(Dudu) Dedé me procurou em Campinas onde moro, solicitando uma ajuda, foi ai que produzi discos, filmes que pode ser visto no site www.trapinhas.com.br Estendi a mão para ele, você mesmo conheceu ele ao meu lado, lembra-se? Mas infelizmente, tudo passa, antes cheguei colocá-lo no SBT no Comando Maluco, você mesmo esteve ao meu lado na casa do Beto Carrero, e viu quando eu pedi para ele ajudar Dedé.

Como surgiu a idéia de homenagear o Mauro (Zacarias) e a mãe do trapalhão, mesclando o nome para dar a sua filha, que por coincidência nasceu no mesmo dia que o saudoso Zacarias?

(Dudu) Eu tinha que perdurar  seu nome. Primeiro consegui com o jornalista Antonio Parente em São Paulo uma creche com seu nome. Aí, resolvi que meu primeiro filho levaria também seu nome ai ficou: VIRGINIA DE MAURO FACCIO GONÇALVES DIAS, Nasceu no mesmo hospital que ele, em Sete Lagoas/MG no mesmo dia 18 de Janeiro  e tem como padrinho de Batismo seu irmão Murilo Faccio Gonçalves.

Em 1997, Os Trapinhas abandonam os palcos para realizarem produções cinematográficas. Qual foi a reação do seu publico?

(Dudu) Todos aceitaram com carinho, pois é uma maneira de perdurar meu trabalho, hoje podendo ser visto inclusive no YouTube na sessão trapinhas.

Nesta nova fase, houve uma mudança no personagem Dudu, que veio a retirar a peruca de seu figurino, porém mantendo os mesmos trejeitos do personagem. Qual foi a intenção nesta mudança?

(Dudu) Minha preocupação era não ser chamado de cover e sim de filho. Achei melhor e todos aceitaram esta minha nova jornada.

Dos 17 filmes que você produziu, qual é o seu preferido?

(Dudu) O meu preferido é UM TRAPINHA & DOIS DESTINOS que faz homenagem a ele e ao Mussum, mas, tem também dois documentários que  fiz para meu amigo Beto Carrero.

Você pretende voltar a filmar novos filmes com o personagem Dudu?

(Dudu) Já estou escrevendo e pretendo voltar. Estou investindo em novos equipamentos.

Como surgiu a parceria e eterna amizade entre você e o saudoso Beto Carrero?

(Dudu) Foi ele quem me descobriu como fá numero 01 em 1982, de lá para cá ficamos amigos. E até hoje divulgo o Parque Beto Carrero World, pois se eu fazia isto para ele em vida, tenho caráter e devo continuar pregando sua filosofia pois ele também é história.

Como você resume sua carreira e convivência com Os Trapalhões? Sente saudades?

(Dudu) Como fã numero 01 gosto de lembrar somente  dos quatro juntos. Saudade dos quatro juntos é muito grande.

Antes de encerrarmos, deixe uma mensagem a todos os fãs de Zacarias e Os Trapalhões, e nos conte se há algum projeto futuro com o personagem Dudu!

(Dudu) Primeiro, quero agradecer todos que curtem principalmente a lembrança de Zacarias e Mussum, isto não tem preço! Que Deus ilumine todos vocês. Quanto a projetos, não sou homem de projetos, sou homem de realizações, pretendo continuar levando o nome do meu pai trapalhão (Zacarias) e Mussum enquanto viver, “pois matar um homem é por ele no esquecimento”. A vida só é digna de ser vivida se fizermos algo em memória pela vida. Amo todos vocês. Diego Munhoz, te amo cara, já te disse isto várias vezes. O país precisa de jovens como você que preza amizade e honestidade.

Fico feliz em ser seu padrinho e amigo.

Fique com Deus.

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