Tumulto e confusão no adeus a Zacarias

08-02-2011 22:51

(Centenas de fãs aglomeraram-se para se despedir do humorista e pedir autógrafos para os outros Trapalhões.)

“O preço do palhaço é o de defender sempre alegria e nunca poder chorar”, disse o trapalhão Mussum, ao comentar a grande festa em que se transformou o velório Mauro Faccio Gonçalves, Zacarias, enterrado ontem ás 13h no cemitério Santo Helena, em Sete Lagoas (Minas). Cerca de 200 mil habitantes pararam para prestar a última homenagem a seu filho mais ilustre. O prefeito Sérgio Vasconcelos decretou luto por três dias.

Os Trapalhões Didi, Dedé e Mussum desembarcaram anteontem as 11h do aeroporto de Confins juntamente com o corpo do humorista. De lá, eles seguiram para Sete Lagoas. Bastante abalados, os trapalhões pretendiam ficar no município até a hora do enterro. Mas o assédio de fãs e políticos que chegaram a formar filas para pedir autógrafos e abraços, fez com que a visita dos humoristas a Sete Lagoas ficasse reduzida a menos de uma hora. “Eles não tem culpa, mas a gente vai embora para não provocar tumulto”, afirmou Renato Aragão. “Cumprimos o papel de entregar nossa criança a sua terra Natal”, disse Aragão. Aragão lembrou de quando se dirigia para Sete lagoas uma sensação estranha provocou o choro da tripulação que viajava constantemente para fazer show em todo país. “Agora entendo qual foi a sensação. Nós sentimos que pela ultima vez iríamos transmitir alegria juntos”, disse.

Ontem, de madrugada, cerca de dez mil pessoas se aglomeraram em frente ao hotel Lagoa Palace, perto do ginásio do Esporte onde foi realizado o velório, em busca de autógrafos dos artistas. Houve tumulto. A Policia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados para isolar a área e evitar que os fãs invadissem o hotel. “Eu preciso ver os Trapalhões pelo menos uma vez” implorava o pedreiro João de Assis de Mello. Outros fãs chamavam as paquitas a Xuxa e outros artistas. Ninguém conseguiu convencer o povo de que não havia nenhum artista hospedado no hotel.

Do lado de fora do velório a confusão também era intensa. O publico formou uma fila de cerca de 5 quilômetros para ver pela ultima vez o corpo de Mauro Gonçalves, que começou a carreira aos quatros de idade no circo de Sete Lagoas. A população do município se juntou a dezenas de fãs do humorista em todo o país.

O cortejo seguiu pontualmente ás 13h em direção ao cemitério, provocando reações diversas na população do município. Algumas pessoas rezavam outras batiam palmas ou choravam. Para a maioria das crianças a atração passou a ser o carro do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte que pela primeira vez desfilava pelas ruas da cidade. No cemitério, a confusão parecia incontrolável. Os soldados fecharam o local provocando ainda mais a fúria das fãs que passaram a quebrar várias cercas para chegar até o tumulo do humorista. Houve correria. Mulheres e crianças gritavam devido ao tumulto. A mãe do humorista, Virginia de Vasconcelos Gonçalves, desmaiou e teve que ser carregada por cinco filhos antes de o enterro acabar.

Ás 15h, os funcionários do cemitério começaram a contabilizar os prejuízos: Luzes de túmulos espalhados por todos os lados, vários galhos de arvores quebrados e a cerca do cemitério totalmente destruída.

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